Participam nesta exposição 25 artesãos. Na cerâmica, há peças de Carolina André Conceição Messias, Domingos Ferreira, Edmundo Sousa, Eduardo Pias, Fernando Morgado, Francisco Félix, Inês Machado, Irene Salgueiro, Jesus Pias, João Ferreira, Joaquim Esteves, Laurinda Pias, Lourdes Ferreira, Luísa Melo, M.ª Anjos E. Coelho, Sílvia Barbosa e Telmo Macedo. Há também peças em madeira de João Rego e Laurentino Costa Ribeiro; no ferro e derivados, Júlio Ferreira e no artesanato contemporâneo Elsa Machado, Fátima Miranda, Filomena Oliveira e Joaquim Pinto
O fado teve a sua origem histórica em Lisboa, no século XIX. Este género musical faz confluir um vasto leque de culturas, resultante de sucessivos movimentos migratórios, envolvendo danças cantadas afro-brasileiras, géneros musicais locais, tradições musicais provenientes das zonas rurais, entre outros. Numa primeira fase, o fado abordava fundamentalmente temas do quotidiano e encontra-se associado a contextos sociais caracterizados pela transgressão e pela marginalidade. De forma gradual o fado expande-se para outros contextos sociais e geográficos. No século XX, a partir das décadas de 30 e 40, é projetado para o grande público através do cinema, do teatro e da rádio. O primeiro filme sonoro português, realizado em 1931, por Leitão de Barros, intitulado “A Severa”, abordava precisamente as desventuras amorosas da mítica figura Maria Severa, a primeira cantadeira de fado de que se tem conhecimento.
Surgem também as casas de fado e o lançamento do artista de fado profissional, sendo que para poder cantar nestes espaços era necessário possuir carta profissional, estilo próprio, boa aparência e um repertório aprovado pela Comissão de Censura, uma entidade que passa a existir a partir de 1944 sob a tutela do Secretariado Nacional de Informação, Cultura e Turismo.
Porém, é entre as décadas de 40 e 60 que o fado conhece os seus “anos de ouro”, surgindo em 1953 o concurso da Grande Noite do Fado no Coliseu dos Recreios, um evento que chegou até aos nossos dias e é considerado de grande importância para a tradição fadista da cidade de Lisboa.
Apesar de pouco referida ou mesmo esquecida, foi Ercília Costa, fadista do início do século XX, que projectou o fado a nível internacional. Todavia, é com a Amália Rodrigues que a internacionalização do fado é consolidada, consagrando-se como um dos maiores ícones da cultura nacional.
Com a revolução de 25 de Abril de 1974, assiste-se a uma alteração profunda na relação entre o fado e os portugueses. Com o acesso a diferentes culturas, os portugueses aderem a novos estilos musicais, preterindo o fado. Só a partir da década de 80 é que se assiste a um crescente e renovado interesse pelo fado, tornando-se no género musical mais popular em Portugal e reconhecido pela maioria dos portugueses e estrangeiros como um dos maiores símbolos identitários do país, do seu povo e da sua cultura.
O Fado constitui, então, a primeira expressão artística portuguesa a ser declarada Património Oral e Imaterial da Humanidade pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura, título adquirido a 29 de novembro de 2011, no VI Comité Intergovernamental realizado em Bali (Indonésia), após candidatura elaborada pela Câmara Municipal de Lisboa em junho de 2010.