A beleza que transmite é realçada pelos contrastes luz e sombra ou cores fortes e fundo escuro. Nalguns trabalhos, o uso do contra-luz serve para acentuar os pormenores e a beleza de texturas delicadas. Observamos de igual modo uma certa humanização de elementos naturais, que parecem flutuar em cenários delicados e vaporosos, o que contribui para criar ambientes misteriosos e românticos, fruto da forte sensibilidade da artista.
“A beleza existe em toda a parte – a dificuldade é saber encontrá-la”. Seguindo esta máxima de Augusto Cabrita, um dos maiores fotógrafos portugueses, Iracema Leitão quis expor, sem pretensiosismos, um pouco da beleza que passa despercebida e se torna difícil de captar pelos olhos dos humanos, distraídos que andam por uma infinidade de elementos circundantes. Essa beleza encontra-a na natureza.
Natureza e arte caminham juntas desde sempre em todas as formas artísticas, incluindo a Fotografia, desde cedo considerada um meio de expressão dotado de enormes possibilidades estéticas e uma forma artística integrada no campo das artes visuais, também designadas por artes plásticas.
Iracema Leitão nasceu na Beira Alta no meio de uma natureza apenas tocada pela mão do homem por motivos de sobrevivência. Esta natureza original marcou-a para sempre e a arte de a registar no papel começa na infância com a reprodução de ilustrações de contos que ia lendo. O gosto pela música levou-a ainda a fazer parte do Coral das Letras da Universidade de Coimbra, Universidade onde se licenciou em Filologia Românica no ano de 1974. Depois, e já professora na actual Escola Secundária Alcaides de Faria, em Barcelos, viria a exercer por alguns anos o cargo de directora da “Avenida do Minho”, revista escolar direccionada para a escrita e artes visuais. Ao mesmo tempo buscava novos horizontes e novos conhecimentos sobre a Arte, frequentando cursos livres de Desenho e Pintura na Cooperativa Árvore, Porto. Estas aprendizagens e a sua sensibilidade motivaram-na para a criação e orientação de um Clube de Pintura dirigido a alunos da mesma Escola, enquanto exercia a prática da Pintura, tendo mesmo participado em algumas exposições coletivas. Mais tarde, não esquecendo a Pintura, enveredou pelo estudo e prática de outras formas de Arte como a Fotografia, sendo a Natureza o elemento privilegiado sobre o qual faz incidir o seu olhar através da câmara fotográfica.
A exposição “Naturalíssima” poderá ser visitada, de segunda a sexta-feira, das 9.30 às 18.00 horas e, aos sábados, das 9.30 às 12.30 horas, até ao dia 29 de Junho.