Trinta artesãos do concelho expõem os seus presépios, numa iniciativa da Câmara Municipal que visa mostrar a riqueza do artesanato local ao nível do presépio e a preponderância desta temática religiosa no imaginário sócio-cultural da região.
O presépio é um dos temas mais trabalhados no figurado de Barcelos e é, também, dos mais procurados, não só pela variedade e tipologia das representações, mas também pelo valor simbólico que tem para as comunidades locais, onde o Natal continua a ser uma das celebrações mais importantes do calendário religioso e cultural anual.
A tradição do presépio remonta ao século XIII, a partir de uma encenação do nascimento de Jesus numa gruta, reforçando-se, assim, a simplicidade do espaço e a humildade do ideal cristão. A tradição de construir o presépio generalizou-se ao longo dos séculos, saindo dos monumentos religiosos para as casas reais e nobre e, depois, popularizando-se até aos nossos dias.
O presépio entra no figurado barcelense como uma das principais expressões da mentalidade religiosa do povo. Foi a partir da década de quarenta do século passado, com a progressiva autonomia do figurado face à olaria, que se começaram a fazer os primeiros presépios. A partir dessa altura generalizou-se o conhecimento dos “bonecos de presépio de Barcelos”, muito impulsionado pela Feira Semanal.
Artesãos como Rosa Ramalho, Rosa Cota, Mistério, Ana Baraça, Maria Sineta, e tantos outros, notabilizaram esta produção no contexto da arte popular, abrindo novos caminhos para uma percepção mais alargada do figurado barcelense, que é um dos poucos produtos artesanais certificados em Portugal.