Manuel “Barbeiro”, apelido que recebeu de seu pai que tinha por profissão a de barbeiro, tem como nome de nascimento Manuel Joaquim Pereira Miranda. Nasceu a 9 de junho de 1931, na Freguesia de Galegos Sta. Maria, numa família humilde e sem grandes posses.
Filho de Eduardo Agostinho Pereira e de Maria Miranda Esteves, ambos naturais de Galegos Sta. Maria, perdeu o seu pai ainda novo, mas dele herdou o gosto pelo trabalho na barbearia do pai e pelo trabalho com o barro, juntamente com sua mãe.
Manuel Barbeiro nasceu com o destino traçado. Seu pai era rodista, mas “aos sábados à noite e ao domingo era barbeiro” e sua avó, Carolina Rosa Esteves e mãe, para este artesão, representam o princípio do figurado. Por isso, “desde rapazinho juntamente com a irmã começaram a trabalhar com o figurado”.
Aquando da morte de seu pai, Manuel “já se ia desenrascando na barbearia e nos bonecos” e ficou responsável, juntamente com a mãe, pelos quatro irmãos. Continuaram a viver do barro e daquilo que a barbearia dava.
Inicialmente vendiam apenas na feira de Barcelos, sobretudo para “aquelas regateiras que vinham do Porto”. Mais tarde vendiam também para um armazém em Galegos S. Martinho, e lá ”ia ele e os seus irmãos de cestinho à cabeça levar os bonequitos e como tinham mercearia aproveitavam para trazer arroz” e o que fazia falta em casa. Foram tempos muito difíceis, tempos de fome, “uma vida dura”. Na altura eram muito poucas as indústrias, tudo era feito à mão, mas aos poucos foram introduzindo algumas tecnologias como a pintura à pistola e entretanto, por volta dos seus 15 anos, as coisas começaram a melhor um pouco e a vida deixou de ser tão escrava, apesar das privações normais de uma família humilde.
Entretanto chegou a altura do serviço militar. Apesar de Manuel ter muito vontade de o cumprir porque seria também uma forma de sair de casa durante algum tempo e “espalhar” um pouco a cabeça, o seu pai já estava bastante doente e pediu-lhe para não ir e Manuel decidiu ficar para auxiliar a família.
Os anos foram passando e Manuel trabalhava com a mãe e irmãos em casa fazendo os bonecos e nas horas vagas era barbeiro e assim se manteve durante vários anos. Casou com Maria Emília Sousa Abreu aos 26 anos e tiveram 5 filhos.
Depois de casar continuou a trabalhar com a mãe, juntamente com a sua esposa, até que se estabeleceu por conta própria. Aos cinco filhos ensinou o mesmo ofício que aprendera em pequeno.
Dedicou toda a sua vida ao barro e à barbearia, que foram as suas grandes paixões, mas a idade foi avançando e acabou por deixar a barbearia, sobretudo, por pedido da mulher, depois de laborar nesta área mais de 40 anos. O figurado é que não conseguiu deixar, sendo que a peça mais cobiçada era a procissão, apesar de que os presépios e as bandas de música também eram bastante requisitados.
Manuel Barbeiro faleceu no dia 6 de setembro de 2018.