José Fernando da Cunha Ferreira nasceu a 22 de Dezembro de 1932 em Barcelinhos. Começou a trabalhar o cobre por influência do seu pai, João da Cunha Ferreira. Este último vivia na cidade de Braga e tinha como ofício a profissão de “caldeireiro”, como se chamava na altura. Fazia alambiques, caldeiras, chaminés e outras utilidades em cobre, todas elas executadas manualmente, com recurso à força de “bater o martelo”. As peças mais produzidas eram essencialmente alambiques devido à grande produção de aguardente e máquinas de sulfatar. Após o seu falecimento do seu pai, José Fernando da Cunha Ferreira, decidiu continuar a arte de caldeireiro, com estabelecimento aberto em Barcelos, na Rua da Madalena, desde 2 de Janeiro de 1932, configurando-se como uma das mais antigas lojas desta natureza em Portugal, tendo marcado gerações de barcelenses. O seu nome diz tudo sobre a sua identidade “Cunha Caldeireiro” como carinhosamente todos os apelidavam, mostra a consciência popular da identidade artística deste barcelense.
Pessoa de trato afável, de uma simplicidade única, mas de uma capacidade de trabalho fantástica, transformando-se de per si uma referência das artes e ofícios tradicionais em Barcelos e na região, e ponto de atratividade para todos os grupos de turismo em visita ao Norte de Portugal. Apesar dos inúmeros pedidos de participação em feiras, preferiu sempre apostar na sua loja que se tornou um espaço emblemático das artes e ofícios tradicionais em toda a região norte. Um espaço onde a tradição de um ofício singular se juntou a uma capacidade invulgar de inovar e de adaptar esta arte inicialmente utilitária a contextos criativos, este caminho foi já percorrido em parceria com o seu filho João.
Em 2011 recebeu por parte do Município a distinção na área da produção de Metais, Ferro e Derivados em face do seu forte historial e por ser um dos artificies mais nobres do concelho de Barcelos em áreas distintas da Olaria e do Figurado.
Para além da dimensão artística e artesanal foi sempre um Barcelense exemplar tendo participado na fundação do Óquei de Barcelos e dedicado 30 anos ao serviço dos Bombeiros Voluntários de Barcelos. Teve reconhecidamente uma postura ativa na dinamização da comunidade local.
Faleceu a 19 de Junho de 2018 na Cidade à qual dedicou toda a sua vida social e artística, tendo-se tornado um referência incontornável das artes e ofícios tradicionais em Barcelos .