João “do Monte”, como era artisticamente conhecido, nasceu, na freguesia da Pousa, a 2 de Abril de 1930.
Desde cedo aprendeu a lidar com a argila, juntamente com os seus pais e avós. O apelido era uma homenagem ao seu avô, João Baptista de Souza, também tratado por João “do Monte”, por trabalhar no cimo de um monte a fazer telhas.
Dedicou-se à arte da cerâmica até aos 21 anos, momento em que emigrou para o Brasil. Naquele país, trabalhou nas cerâmicas de Santa Cruz, Pompeia, Manarine e Spadaccia, onde aplicou as técnicas e saberes adquiridos em Barcelos.
Fixou-se na localidade brasileira de Valinhos onde instalou um atelier próprio e construiu uma galeria para expor os seus trabalhos e também de outros artistas.
De facto, foi no Brasil que o seu percurso artístico foi mais reconhecido. Contudo, nas suas criações eram notórias as influências lusitanas e a paixão pelo país onde aprendeu o ofício da sua vida. As suas obras mostram que, para além de um escultor do barro, também era um barrista tradicional, sempre em constante ligação com a arte popular desta região.
João “do Monte” visitava constantemente Portugal. Revia amigos e familiares e, ao mesmo tempo, dava a conhecer os seus trabalhos.
Foi várias vezes homenageado em Portugal expondo, em 1988, na Galeria de Arte Pop Cave e na Casa do Crivo, em Braga. Participou na exposição de Regionais da Cerca de Barcelos e, no mesmo ano, foi condecorado com 4 medalhas (Lenda do Passarinho, Lenda do Senhor do Galo, Milagre das Cruzes e Feito do Alcaide Faria) atribuídas pelo então Presidente da Câmara de Barcelos, Dr. João Machado.
Faleceu em Valinhos, São Paulo (Brasil), no dia 16 de Junho de 1996.
Embora pouco popular entre os artistas do artesanato barrista do concelho, João “do Monte” foi, sem dúvida, um franco impulsionador da cultura artesanal olárica e identidade barcelense em terras de Vera Cruz.