Decorreu, no passado fim de semana, em Barcelos, a VIII Mostra Musical do Eixo Atlântico. O concurso, que decorreu no Theatro Gil Vicente e no Auditório S. Bento Menni, confirmou o elevado nível dos jovens intérpretes de música clássica e jazz da Eurorregião.
A Mostra Musical realiza-se de dois em dois anos com o objetivo de promover jovens intérpretes, dando impulso à inovação, à qualidade, à interação e à renovação no panorama musical do Eixo Atlântico. Um dos principais objetivos da Mostra é promover o intercâmbio cultural e convivência entre os participantes do Norte de Portugal e da Galiza. O concurso destina-se a jovens intérpretes estudantes de Escolas de Música ou Conservatórios Profissionais (no caso da Galiza) e de Escolas Profissionais e Conservatórios (no caso de Portugal), pertencentes aos municípios membros do Eixo Atlântico.
Cerimónia da entrega de prémios
No domingo, 14 de abril, após a atuação dos finalistas apurados da fase prévia de sábado, teve lugar no São Bento Menni, em Barcelos, a cerimónia de entrega de prémios às atuações mais meritórias.
O júri desta edição foi composto por Rubén Vázquez Rodríguez, subdirector Xeral de Aprendizaxe Permanente, Ensinanzas Artísticas da Xunta de Galicia; Lorena López Cobas, assessora da Consellería da Cultura, Educación e Universidade da Xunta de Galicia: Ana María López Díaz, assessora da Consellería da Cultura, Educación e Universidade da Xunta de Galicia; Ana Maria Liberal, Florian Pertzborn e Eugénio Amorim, professores da Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo do Instituto Politécnico do Porto (ESMAE-IPP), que destacaram a elevada qualidade dos participantes e atribuíram os seguintes prémios e distinções.
Na categoria de Solistas grupo A (até 10 anos), o vencedor foi Guilherme Lemos do Vale, representante de Vila do Conde. Além disso, o júri atribuiu uma menção honrosa a Nykolay Suprunov, de Vila Nova de Gaia.
Na categoria de Solistas grupo B (dos 10 aos 13 anos), o vencedor foi João Rosa Marques do Souto e Lima, representante de Gondomar.
Na categoria de Solistas grupo C (dos 13 aos 15 anos), o júri premiou o trabalho de Francisco Lourosa Branco, de Santa Maria da Feira.
Na categoria de Solistas grupo D (dos 16 aos 18 anos), venceram, em ex aqueo, os representantes de Matosinhos, Leonor Dias, e de Viana do Castelo, Gonçalo Ferreira Pinto.
Na categoria de agrupamentos de Câmara (entre dois e seis elementos), foi premiado o Trio Tenuto, de Ferrol.
Por fim, foi atribuído, na categoria de Agrupamentos Maiores, o prémio Xosé Manuel Rodríguez-Abella à Orquestra Sinfónica Artave, em representação do Município de Vila Nova de Famalicão. Nesta categoria, foi ainda atribuída uma menção honrosa ao Coro de Pequenos Cantores de Esposende. O prémio é denominado de Xosé Manuel Rodríguez-Abella, em sua homenagem, desde o seu falecimento em 2018. Pedagogo e chefe do Departamento de Educação de Santiago de Compostela, Xosé Manuel Rodríguez-Abella foi um dos pioneiros nos processos socioeducativos promovidos pelos concelhos galegos. Pessoa muito comprometida com a educação e a cultura, foi desde o início um dos mais fortes promotores da Mostra Musical de Jovens Talentos do Eixo Atlântico, trabalhando incansavelmente desde a primeira edição, motivo pelo qual o Grupo Temático de Educação e Cultura do Eixo Atlântico decidiu atribuir o seu nome ao prémio para a categoria dos Agrupamentos Maiores da Mostra.
Na cerimónia de encerramento, a Banda Musical de Oliveira tocou uma das composições do homenageado, “Ás de Cantar”, uma peça composta por Joám Trillo para musicar um poema homónimo de Rosalía de Castro presente na sua obra mais conhecida, “Cantares Gallegos”. A Banda encerrou a gala, no ano em que se celebram os 50 anos da Revolução do 25 de abril de 1974, a interpretar “Grândola Vila Morena”, acompanhada pelo Coro infanto-juvenil de Creixomil e pelo Coro da Escola de Música da Banda de Oliveira, do concelho de Barcelos, sob a direção do maestro Alfredo Macedo.
Homenagem a Joám Trillo
Em cada edição, a Mostra Musical do Eixo Atlântico reconhece o trabalho de um(a) músico da Galiza ou do Norte de Portugal, alternadamente, tendo sido nesta edição reconhecido o trabalho do compositor galego Joám Trillo.
Nasceu em Negreira, na província da Corunha, em 1942. Estudou Música Sacra e Composição Superior. Foi uma das figuras mais destacadas na proteção e promoção da música galega, realizando um extenso trabalho de formação nas diferentes instituições galegas e de recuperação e divulgação do repertório de compositores galegos dos séculos XVIII, XIX e XX.
Fundou e dirigiu a Xove Orquestra de Galicia em 1987, uma das formações de referência dentro da música galega, e, em 1992, fundou também Ars Gallæciæ Musicæ, uma coleção destinada a publicar as composições de autores galegos do passado e do presente, que já conta com mais de 30 publicações. O seu elenco conta com um importante catálogo de obras, incluindo alguns grandes formatos sinfónicos e corais. À sua vertente compositiva, devemos acrescentar um intenso trabalho de investigação, com vários livros e obras publicadas.