Barcelos apresentou, ontem, a marca “Created in” que servirá de âncora da nova Estratégia para o Desenvolvimento Económico do Concelho de Barcelos, que o Município pretende implementar, na próxima década.
A marca foi apresentada no decorrer da primeira conferência, de um ciclo de quatro, nas quais, segundo o presidente da Câmara, Mário Constantino, se “pretende abordar os fatores de competitividade e de desenvolvimento, envolvendo os agentes económicos, sociais e culturais, as instituições de ensino e a população em geral, na discussão dessa estratégia, num modelo que respeite a nossa história e identidade, mas nos projete para patamares superiores de qualidade e progresso”.
De resto, essa é a linha base deste ciclo de conferências: que a nova estratégia de desenvolvimento posicione Barcelos “como um território competitivo, promovendo o bem-estar e a coesão da sua população, tornando o concelho numa referência ao nível dos objetivos de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas”.
Perante uma plateia que lotou o auditório municipal, Fernando Alexandre, professor de Economia da Universidade do Minho e coordenador do estudo que sustentará a estratégia de desenvolvimento económico, caracterizou a estrutura empresarial barcelense, os seus fatores de competitividade e as condições para o desenvolvimento do modelo “Created In” no concelho. Aquele especialista assegurou que o novo modelo de desenvolvimento terá de ser “baseado no conhecimento, na inovação e no talento”. Alertando para a necessidade de “acelerar a mudança do paradigma da economia portuguesa, Fernando Alexandre vincou que, nesse contexto, Barcelos deve estar na vanguarda dessa mudança”. Por outro lado, salientou a importância da Educação no desenvolvimento económico, sublinhando que nas últimas duas décadas, o concelho deu um salto significativo nesse aspeto, todavia, esse salto só terá reflexos no médio e longo prazo, sendo que, para que tal aconteça, é necessário que o concelho consiga garantir condições de atratividade e de retenção dos recursos humanos que forma.
Conversa/debate apontou pistas e alertou para constrangimentos
Após a apresentação feita por Fernando Alexandre, houve lugar a uma conversa/debate moderada por Carlos Eduardo Reis, deputado na Assembleia da República e vereador na Câmara de Barcelos. Nessa conversa, Maria José Fernandes, presidente do IPCA, sublinhou que o Politécnico de Barcelos, sendo o mais jovem do país e o último a ser criado, “soube ocupar o seu espaço e dar um grande contributo ao concelho, colocando estratégias e capacidades ao serviço da região: empresas, famílias, estudantes, tendo sempre a capacidade de ouvir e de saber mudar”. Apontando a mobilidade como um dos fatores que deve melhorar, a presidente do IPCA disse acreditar que “a nova ciclovia urbana será fundamental nessa questão, facilitando a “vivência dos jovens na cidade”. Maria José Fernandes anunciou que o Instituto que lidera vai investir, nos próximos dois anos, cerca de 30 milhões de euros em equipamentos, entre os quais os referentes ao projeto “Barcelos CRIC”, que engloba um Auditório com 500 lugares, a Residência Académica, o Espaço Multiusos e os Arranjos Urbanísticos dos Espaços Exteriores Envolventes”.
Por seu lado, a empresária Conceição Dias – presidente do grupo DiasTêxtil – alertou para o facto de o setor enfrentar “escassez de mão de obra qualificada que responda às novas tecnologias que empresas estão a introduzir para inovarem produtos e métodos”. A empresária barcelense apelou à melhoria dos transportes públicos e sublinhou a importância da desburocratização, para que haja mais rapidez nos procedimentos de licenciamento. Deixou ainda um repto ao setor da Educação, para que seja criada uma “escola de formação ativa”, com forte componente prática, apelando ainda à criação de creches, lacuna limitativa da empregabilidade de muitos pais.
A fechar a tertúlia, Pedro Brás Silva, da Associate Partner Deloitte, também abordou a questão da tecnologia como fator decisivo na competitividade e no desenvolvimento. Como exemplo, referiu que “das cinco maiores empresas mundiais, quatro são tecnológicas, quando há dez anos só havia uma no top 10”. Sendo assim, Pedro Silva acredita que “o futuro tecnológico forçosamente entrará em quase todos os setores de atividade, modificando inevitavelmente o ambiente económico empresarial”.
No encerramento desta primeira conferência relativa ao crescimento, António Cunha, presidente da CCDR-N, contextualizou a posição de Barcelos face às médias nacionais e regionais, realçando que o concelho teve na última década um grande crescimento industrial têxtil. Importa, salientou, que “esse crescimento possa vir a ser sustentado por melhores preços de venda que depois permitam maiores salários capazes de atrair e fixar pessoas no território barcelense”.
O presidente da CCDR-N terminou a sua intervenção, dando os parabéns à Câmara Municipal pela vontade que demonstra em dar um salto qualitativo no modelo de desenvolvimento económico.