Já está patente na Sala da Capela do Museu de Olaria a exposição “Memórias Nascidas do Barro” de Fernando Morgado. A mostra abriu ao público no sábado passado e pode ser visitada até ao dia 3 de abril. Simultaneamente à exposição, foi publicada, em formato digital, a história de vida do barrista, que pode ser lida no site do Museu de Olaria.
Fernando Morgado é um dos artesãos de Barcelos que melhor retratam a temática das tradições e do mundo rural no Minho. É um trabalho único, todo ele realizado manualmente, cozido, pintado à mão, e amplamente marcado pela expressividade que transmite, assim como pela utilização de tons da natureza onde predominam cores pastel.
Nascido em Galegos Santa Maria, no dia 15 de outubro de 1927, desde a sua meninice que o barro é presença constante na sua vida.
Hoje com 94 anos já não produz o seu tão amado figurado e por isso mesmo mais importante é que possa conhecer a sua obra. Na abertura da mostra, a vereadora da Cultura, Elisa Braga, salientou o percurso de vida do barrista e enalteceu a criatividade singular do autor que com o seu figurado contribui para a sedimentação da identidade arte popular barcelense.
História de vida: “Fernando Morgado – O ceramista/barrista de Galegos Santa Maria”
E se na Sala da Capela pode conhecer o trabalho de Fernando Morgado, no site do Museu pode conhecer a sua história de vida, que foi agora publicada em formato digital, quando o seu protagonista já conta 94 de idade.
Aqui fica um pedaço dessa prosa, esperando abrir o seu apetite para a leitura integral em https://www.museuolaria.pt/wp-content/uploads/2022/02/FERNANDO-MORGADO_O-Ceramista_barrista-de-Galegos_Santa_Maria.pdf
“A história de vida de Fernando Morgado começa muitos anos antes dele sequer ter nascido, quando a sua avó paterna, Maria Rosa Morgado, mulher devota à Igreja, se enamorou do Abade Pais, de Roriz, e desse amor proibido nasceu uma criança que a mãe colocaria na roda dos expostos. «O meu pai era Américo Exposto. A minha avó paterna era uma pessoa muito dedicada à igreja… E aconteceu o que aconteceu, porque sempre se reconheceu que o meu pai era filho do Abade Pais, de Roriz. Mais tarde, o meu pai emigrou para o Brasil, em 1930, e regressou em 1935. Após o seu falecimento, eu tive curiosidade de analisar os documentos dele, inclusive o passaporte, e verifiquei que lá estava, de acordo com a certidão de nascimento, Américo Exposto, filho ilegítimo. Não constava nem nome de pai nem nome da mãe. Depois, mais tarde, ele conseguiu tirar o Exposto, através do Registo Civil, e ficou Américo Morgado»”.