A conferência teve início com mais uma atuação por parte do Conservatório de Música de Barcelos e, de seguida, a Vereadora da Cultura, Elisa Braga, deu por iniciada a sessão, agradecendo de antemão a honra e o privilégio de receber em tão nobre espaço o historiador barcelense António Júlio Trigueiros, “num tema de cariz fortemente simbólico para os barcelenses”, como é o “Milagre das Cruzes”, sublinhou a vereadora.
Por sua vez, Joel Cleto fez uma contextualização histórica sobre o tema da comunicação para passar a palavra ao orador, António Júlio Trigueiros, que se debruçou sobre o facto prodigioso da descoberta pelo sapateiro João Pires de “hua muy proporcionada, talhada e direita cruz , toda tão preta”, de terra, no Campo da Feira, em Barcelos, ocorrida a 20 de dezembro de 1504, que foi testemunhada pelos “homens da principalidade e governança da antiga vila de Barcelos, e cuidadosamente atestado e registado, numa narrativa precisa e fidedigna.”
No “Tratado Panegírico em louvor da villa de Barcellos por rezam do apparecimento de cruzes que nella apparecem” de Frei Pedro de Poiares, em 1672, é feita a glorificação do Milagre das Cruzes, “procurando colocar Barcelos no centro de um fenómeno que atraiu o interesse de devoção pelo senhor da Cruz”, segundo o conferencista. António Júlio Trigueiros, para rematar, sublinhou que o “Milagre das Cruzes teve um impacto enorme no desenvolvimento da cidade, seja do ponto de vista urbanístico, seja do ponto de vista religioso, institucional, seja pelas muitas obras de arte que nos ficaram”. Acrescentou ainda que “como barcelenses temos que considerar que as “cruzes” e o “Milagre das Cruzes” fazem parte do nosso património espiritual” e que “ a identidade barcelense é indissociável do Milagre das Cruzes”.
No fim da conferência, houve ainda lugar para uma breve dramatização por parte de A Capoeira – Companhia de Teatro de Barcelos, dedicada ao Foral Manuelino.