O Presidente da Câmara destacou a importância da exposição para Barcelos e para os barcelenses, considerando que o mais importante do “24 para 25 de Abril de 1974, foi a reposição da dignidade de um povo”, um momento “que está agora a ser contado pelo testemunho” destes militares e dos autores do livro.
Miguel Costa Gomes disse ainda que os portugueses estão a passar por uma situação de “menor dignidade”, uma vez que as conquistas proporcionadas pela Revolução “estão a ser postas em causa”. Por isso é que é importante “comemorar o 25 de Abril”.
É com “muita honra que o Município acolhe esta exposição”, um “registo que fica na memória de todos”, disse o Presidente da Câmara a finalizar a sua intervenção.
O jornalista Alberto Serra, que apresentou a sessão, considera que o livro “Os Rapazes dos Tanques” uma “obra contra o esquecimento”. Alfredo Cunha, autor das fotografias colhidas no dia da Revolução, disse que o livro é o seu testemunho do 25 de Abril, acrescentado pela “mais valia” do texto de Adelino Gomes, jornalista que cobriu os acontecimentos daquele dia.
“O sucesso que o livro está a ter tem a ver com os rapazes dos tanques”, tem a ver com o facto de falar das pessoas que estiveram envolvidas no 25 de Abril, disse Adelino Gomes, que afirmou ainda que esta obra faz justiça a essas pessoas. Ali estavam “homens do povo, de diferentes classes e de diferentes qualidades” juntos na Revolução que conseguiram concretizar.
Manuel Correia da Silva, antigo furriel que no dia 25 de Abril conduziu a chaimite que levou Marcelo Caetano e alguns ministros do quartel do Carmo até à Pontinha, disse que esta obra e esta exposição é um momento marcante dos últimos 40 anos, reafirmando o depoimento que faz no livro “Os Rapazes dos Tanques”.
O ex cabo apontador José Alves Costa falou sobre o momento em que o brigadeiro Junqueira dos Reis ordenou, sob ameaça de arma, que disparasse sobre os revoltosos. Não contrariando a ordem nem a seguindo, o ex cabo respondeu: “Vou ver o que posso fazer” e refugiou-se no interior do carro de combate M47, de onde sairia mais de uma hora depois já o almirante ali não estava. José Alves Costa não disparou e a Revolução venceu.
Falou ainda o ex militar barcelense Álvaro Costa que, com apenas quatro meses de serviço militar, integrou a coluna de Salgueiro Maia entre Santarém e Lisboa.
Paulino Carvalho, antigo furriel, natural de Braga, falou sobre a sua participação no 25 de Abril, contando que esteve preso por ter feito parte da intentona das Caldas da Rainha, em 16 de março de 1974, tendo sido mobilizado para a Escola Prática de Cavalaria, em Santarém. Aí foi abordado por Salgueiro Maia para colaborar na revolta, ficando com a incumbência de explicar e pôr ao lado dos revoltosos as dezenas de cadetes daquela unidade, enquanto as restantes tropas rumavam a Lisboa.
Paulino Carvalho foi jogador de futebol pelo Sporting de Braga. Foi emprestado ao Gil Vicente Futebol Clube na época 1970/1971, ano em que este subiu da terceira para a segunda divisão. Depois regressou ao Sporting de Braga.
A exposição está patente até 22 de junho e pode ser vista todos os dias, das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h00.