Miguel Costa Gomes evocou os heróis que “lançaram um Portugal novo e viraram uma das páginas mais negras da nossa História”, referindo-se aos jovens militares que em 25 de abril de 1974 “resgataram a liberdade e a devolveram ao seu país” e que o fotógrafo Alfredo Cunha e o jornalista Adelino Gomes tão bem retratam no livro “Os Rapazes dos Tanques” e na exposição com o mesmo título que está patente da Galeria Municipal de Arte de Barcelos.
O tempo “presente necessita que voltemos a Abril e aí encontrar inspiração para enfrentar as dificuldades e para continuar a lutar pela mais importante de todas as causas: a dignidade do povo português”, disse ainda o Presidente da Câmara.
Falando sobre a Europa, Miguel Costa Gomes disse que a crise “fraturou o projeto económico da União Europeia e pôs a nu as fragilidades políticas do espaço europeu”, cuja direção se tornou “numa espécie de conselho de administração de interesses puramente económicos, desprezando a construção política laboriosa em que tantos políticos europeus se empenharam nos últimos 60 anos”.
Por isso, a maioria dos cidadãos europeus, preparam-se “para voltar a ignorar as eleições (europeias) ou a reagir com raiva e com radicalismo à incapacidade de afirmação política do espaço europeu”.
Em Portugal, “infelizmente, a orientação política dos últimos anos não só não contrariou este movimento como o abraçou e, até, prometeu ir para além dele”, referiu o Presidente da Câmara. A “diminuição brusca dos rendimentos das famílias por via dos cortes nos salários e nas pensões”, o “aumento generalizado dos impostos diretos e indiretos, a perda do poder de compra, a queda vertiginosa do consumo, o desemprego próximo dos 20 por cento, as restrições ao crédito bancário, as falência de pessoas e de empresas”, decorrentes da grave crise económica e financeira que atingiu o país, resultaram “em consequências tais que ainda ninguém consegue medir a verdadeira amplitude”.
“Um programa tão difícil”, acrescentou Miguel Costa Gomes, exigiria que o governo fizesse “acordos com os parceiros sociais e com as autarquias, pactos de regime com as forças políticas democráticas e um contrato com os portugueses através do qual lhes fosse mostrado onde, de que modo e para que fim valiam os esforços e os sacrifícios feitos”, mas tal não aconteceu.
“Quando, nos primeiros dias de novembro de 2009 tomámos posse no nosso primeiro mandato não sabíamos que estas mudanças bruscas vinham a caminho, mas sabíamos, como hoje sabemos, que não nos faltaria a força das nossas convicções e a determinação necessária para a resolução dos problemas. Ao longo destes quatro anos e meio, mostrámos estar à altura dos tempos, fazendo do exercício do poder camarário um ato de cidadania – respeitando os cidadãos e os recursos que nos são delegados para o bem estar da comunidade”, disse ainda.
A terminar, Miguel Costa Gomes reafirmou a importância de comemorar o 25 de Abril e os seus valores, dizendo: “Nesse dia, num momento de grande tensão, Salgueiro Maia disse: “Não é tempo para recuarmos”! Hoje, 40 anos passados, também não é tempo para recuarmos perante as incertezas”.
A sessão solene contou ainda com a intervenção do Presidente da Assembleia Municipal, Duarte Nuno Pinto, que lembrou algumas figuras barcelenses perseguidas pelo antigo regime, falou sobre as causas que levaram ao 25 de Abril. Citando Vasco Lourenço para dizer que o movimento dos capitães previa a adesão da população à Revolução, recordou o difícil período de transição e consolidação da democracia e enumorou alguns progressos do país proporcionados pelo 25 de Abril.
“Se quisermos ir em frente temos de olhar para trás”, disse Duarte Nuno Pinto.
Intervieram na sessão os representantes das forças políticas com assento na Assembleia – CDU, BE, CDS-PP, MIB, PS e PSD.
O Coral Magistrói interpretou alguns temas musicais no início da sessão e a Banda Musical de Oliveira encerrou com o Hino Nacional
No final, foi inaugurada no Salão Nobre dos Paços do Concelho, a exposição “Barcelos: A Oposição Democrática e o 25 de Abril”.