“Este é um grande momento para a cultura em Barcelos”, disse a vereadora Armandina Saleiro. “Podermos contar com a presença de Júlio Pomar na inauguração desta exposição é, para todos nós, uma grande honra”, disse ainda, sublinhando a parceria com a Fundação de Serralves que permitiu a concretização deste importante evento cultural para a cidade e para o concelho.
Júlio Pomar falou sobre algumas vertentes do seu trabalho artístico ao muito público que marcou presença na inauguração, mas coube a Samuel Silva, da Fundação de Serralves, a tarefa de explicitar e interpretar as obras expostas, o contexto da sua criação e as relações entre as peças de Pomar e as fotografias daqueles dois autores.
A exposição comporta duas áreas: uma com peças maioritariamente de bronze, datadas de 2003 e 2004 e fotografadas por Gérard Castello-Lopes; outra, com peças feitas de materiais diversos, quase todas datadas de 1997 e fotografadas por José M. Rodrigues. Em ambos os casos, frisou Samuel Silva, são notórias as “afinidades entre três pessoas” que resultam nesta exposição.
Contudo, as fotografias não se reduzem à mera reprodução ou registo das peças de Júlio Pomar. Criam-se relações entre a fotografia e os objetos tridimensionais escultóricos de Pomar, capazes de suscitar a imaginação dos espetadores.
Sobre estas fotografias disse Júlio Pomar: “(…) A convocação que fiz ao olhar dos fotógrafos sobre as minhas esculturas era a de que imaginassem ouvir a voz de cada peça a dizer-lhes: Faz de mim o que quiseres!”
Gérard Castello-Lopes diz que “as ‘assemblages’ de Júlio Pomar… não são obras programadas, mas sim realizadas ou adoptadas quase que involuntariamente com a ajuda do tempo, que da obra se alheia e simultaneamente a vai fazendo através da descoberta (ou proposição) de um encontro de afinidades ou complementaridades.”
E José M. Rodrigues refere: “Comecei por reparar que as peças do Júlio pareciam ter sido feitas como fotografias, pela ‘assemblage’, pela união dos elementos. A minha maneira de trabalhar tem a ver com o acumular de sensações, ou com conjuntos de fotografias que vou fazendo e, como disse Saramago, ‘nisto, encontro aquilo’. Tem muito a ver com o ponto de partida do Júlio com as suas peças, e é por aí que eu próprio vou traçando caminhos”.
Com a apresentação na Galeria Municipal de Arte de Barcelos, termina a itinerânica desta exposição, que estará patente todos os dias, das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 18h00, até 21 julho.