Com prefácio de Francisco Trigueiros, antigo capitão miliciano naquela antiga colónia, o livro é um “verdadeiro compêndio da história da Guiné”, abordando as campanhas militares que se desenvolveram ao longo dos tempos e sobretudo da fase final da guerra. Revela que esta não se perdeu pelo desalento do “Povo em Armas”, mas antes pelo desânimo e saturação dos oficiais do quadro permanente. Fala das suas idas à Guiné, do seu relacionamento com os antigos combatentes, com especial destaque para o encontro com Nino Viiera, o comandante guerrilheiro por excelência, posteriormente Presidente da República.
Em finais de maio de 1965, após a batalha de Cufar Nalu, a sua CCav 703 foi posicionada na quadrícula de Buruntuma, nesga do território em esquadro, no extremo Leste da Guiné, rodeada de inimigos por todos os lados, onde, por não ser engraçado nem cair em graça, foi destacado para formar, dar instrução e comandar, operacionalmente, grupos de milícias nativas e desempenhar acções de “apsico” (Acção Psico-social), junto das populações – missões que lhe permitiram o contacto com as intimidades daquela guerra revolucionária.
Manuel Luís de Araújo Lomba é autor dos dois volumes de “Faria: Terra-mãe da Nacionalidade” e promoveu o renascimento do grupo Alcaides de Faria, do qual é presidente da Direção.
Nasceu em Faria, em 1 de maio de 1942. Depois de experimentar e ser excluído do seminário dos Capuchinhos, foi trabalhador nas obras da Ponte da Arrábida, em 1960. Em 1962, ganhou o Prémio Nacional de Reportagem dos I Jogos Florais do Trabalho e, no ano seguinte, uma menção honrosa, na mesma modalidade.
Em 1963, assentou praça no então CISMI, em Tavira, e, feito militar graduado, foi monitor de instrução na primeira escola de recrutas de 1964, RI 13, Vila Real e, a seguir, mobilizado para a Guiné, pelo Regimento de Cavalaria 7, Lisboa, onde participou na formação e instrução operacional do BCAV 705, ficando incluído na CCav 703.
Aquele batalhão desembarcou em Bissau, em 24 de Julho de 1964, e ficou aquartelado no Forte da Amura, como “Força de Intervenção às Ordens do Comando-Chefe”, reservado a desempenhar missões operacionais nas “áreas libertadas” do PAIGC no Norte, Sul e Leste da Guiné, em interação com um grupo de Comandos, um destacamento de Fuzileiros e uma companhia de Pára-quedistas.
Regressado à vida civil, trabalhou nas manufacturas Âmbar e, não obstante ter alcançado a melhor classificação no concurso para agentes da Polícia Judiciária, optou por ingressar na construtora Soares da Costa, na qual fez carreira, alcançando o cargo de diretor. Atravessou toda a sua vida económica na área da Construção Civil, nomeadamente na Alemanha, até atingir a reforma.