“A Intemporalidade da Essência e da Forma” é a exposição de Francisco Simões que, em três espaços distintos – Galeria Municipal de Arte, Salão Nobre dos Paços do Concelho e Museu de Olaria – vai mostrar a obra deste importante e relevante multifacetado artista português. A mostra abre sábado 26 de abril, às 16h00, sendo a cerimónia de inauguração na Galeria Municipal de Arte.
No catálogo da exposição, o Presidente da Câmara Municipal de Barcelos, Mário Constantino Lopes, escreve que “é uma enorme honra para Barcelos podermos apresentar na nossa Galeria Municipal de Arte um dos mais notáveis artistas plásticos portugueses, cuja arte é um “espelho da alma e um testemunho da intemporalidade da beleza”.
“A Intemporalidade da Essência e da Forma”
Esta exposição conduz-nos a um universo de representação onde a figura feminina se assume como presença constante e estruturante. É difícil abordar o trabalho de Francisco Simões sem considerar a centralidade do feminino, seja na escultura, no desenho, na pintura ou na cerâmica.
O artista constrói uma linguagem plástica singular, enraizada numa reflexão contínua sobre a condição do ser e a configuração do espaço. Neste contexto, a mulher surge não apenas como tema, mas como matriz de uma poética que procura, essencialmente, a essência da forma. Na abordagem ao corpo da mulher, há uma clara intenção de ir além da superfície visível. Através da silhueta, do gesto e da postura, o artista procura captar uma dimensão intemporal, onde cada curva e volume ultrapassa a fiscalidade e adquire um valor simbólico e eterno. O seu percurso artístico propõe uma reflexão estética sobre a beleza, encarada como manifestação do que permanece e do que é absoluto dentro do efémero.
Francisco Simões articula a sua criação com as tradições da arte contemporânea, mas convoca, simultaneamente, problemáticas universais como o ciclo da vida, a transformação e a permanência. A sua obra não se limita à representação visual da mulher; constitui-se como expressão de uma estética da eternidade, da força e da essência do feminino.
Convida-nos a reconhecer o corpo feminino enquanto território simbólico de beleza e transcendência, e como metáfora da essência humana que persiste perante o decurso do tempo. O título da exposição, “Intemporalidade da Essência e da Forma”, remete para a dinâmica contínua do ser e da transformação. Francisco Simões propõe um olhar que transcende o tempo e as convenções da arte atual, desafiando o espectador a contemplar o que é verdadeiramente essencial. A sua prática artística não visa capturar a forma de modo superficial, mas antes extrair da mesma a sua profundidade ontológica, aquilo que, mesmo sendo transitório, encerra algo de eterno.
Ao convidar o espectador a atravessar os diversos territórios da criação — do desenho à escultura, da pintura à cerâmica —, Francisco Simões desafia-nos a reconhecer o que há de comum, de constante e de essencial em cada gesto artístico.
Esta exposição não constitui apenas um percurso estético; é, também, uma proposta filosófica e poética. Ao confrontar-nos com as obras de Francisco Simões, somos convidados a suspender certezas momentâneas e a abrir espaço para uma perceção mais profunda, aquela que nos liga ao que é perene, tanto na arte, como na existência.
A exposição vai estar patente ao público até ao dia 31 de agosto de 2025.
Francisco Simões
1946 Nasce em Porto Brandão, Almada
1965 Conclui o curso da Escola de Artes Decorativas António Arroio
1966 Inicia a atividade gráfica com o pintor Mário Costa
1967 É bolseiro da OCDE em Roma, Turim, Novara, Verona e Milão
1968 Trabalha no Museu do Louvre a convite de Germain Bazin
1969 Vai viver para o Funchal onde inicia a carreira docente e o curso de escultura da Academia de Música e Belas Artes da Madeira
1972 É diretor da Escola Preparatória da Ribeira Brava
1974 Conclui o curso de escultura e é nomeado membro da Comissão Diretiva do Museu da Quinta das Cruzes, Funchal
1975 Regressa a Lisboa e é responsável pedagógico do Serviço Cívico Estudantil do Ministério da Educação e Cultura
1976 É eleito vereador da Câmara Municipal de Almada
1980 Cessa funções autárquicas e dedica-se à atividade escultórica e pictórica em simultâneo com a docência
1987 É-lhe concedida uma bolsa pelo Ministério da Educação a fim de se dedicar em exclusivo a projetos de escultura e pintura
1989 É nomeado consultor de Artes Plásticas para o projeto “A Cultura começa na Escola”
1990 Colaborador do JL (Jornal de Letras, Artes e Ideias)
1991 Instala a sua residência e ateliê em Sintra
1992 É nomeado pelo Ministério da Educação membro do grupo de trabalho de Humanização e Valorização Estética dos Espaços Educativos | Obtém a carta de residência em França
1996 A Escola Secundária do Laranjeiro passa a designar-se Escola Secundária Francisco Simões em homenagem ao artista plástico reconhecido nacional e internacionalmente. É-lhe atribuída a Medalha de Mérito Cultural pela Câmara Municipal de Oeiras
1997 É nomeado assessor do Secretário de Estado da Administração Educativa
1998 É nomeado assessor do Ministro da Educação 1999. É-lhe atribuída a Medalha de Mérito Cultural da Câmara Municipal de Sintra
2005 Cessa funções como membro do projeto Valorização Estética dos Espaços Educativos
2006 Reforma-se do ensino público e cessa funções no Ministério da Educação
2019 Distinguido com o Prémio da Lusofonia 2018 e é-lhe atribuído o cargo de Comissário da Cultura pelo Instituto do Mundo Lusófono (IMLus).