A Câmara Municipal de Barcelos juntou hoje 281 professores no Seminário “Educamos Juntos”, destinado a assinalar o arranque do ano letivo. A sessão contou com a participação do psiquiatra Ricardo Encarnação. O encerramento ficou marcado pela realização de uma sessão especial sobre Educação do “Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer”, juntando, no Auditório Municipal, Ricardo Araújo Pereira, Pedro Mexia, João Miguel Tavares e Carlos Vaz Marques.
A exemplo dos anos anteriores, o Seminário “Educamos Juntos” marca o arranque do ano letivo em Barcelos, promovendo a reflexão sobre a educação como um direito fundamental e essencial para o desenvolvimento social, cultural e económico da sociedade.
Na sessão de abertura, o presidente da Câmara Municipal de Barcelos, Mário Constantino Lopes, destacou a importância do papel dos professores no sucesso educativo, considerando ser “uma das profissões mais desafiantes que existem”.
“A educação é um instrumento poderosíssimo, é através dela que nós conseguimos, efetivamente, mudar mentalidades e construir uma sociedade mais justa, mais coesa, com mais tolerância e paz”, disse. “Estes encontros servem, por isso, não só para ouvir os professores, mas também para os ajudar a refletir sobre a importância da sua profissão”, acrescentou.
O primeiro momento de reflexão contou com a intervenção de Ricardo Encarnação, médico psiquiatra da infância e adolescência, que dinamizou a conferência “Crescer à velocidade da luz – da «geração rasca» à geração que nos deixa «à rasca»”.
Após uma breve descrição do desenvolvimento cerebral, o clínico aprofundou a influência da tecnologia na forma como, atualmente, os mais jovens aprendem, socializam e se desenvolvem.
Ricardo Encarnação destacou os riscos da má utilização da tecnologia pelos mais jovens, com consequências que podem passar pela saúde mental, a atenção e cognição, a socialização e o comportamento e, ainda, a saúde física e o sono.
Considerou, porém, que a tecnologia pode ser também uma oportunidade para o desenvolvimento de competências, o acesso à educação e à informação e a adaptação ao futuro, nomeadamente às rápidas e constantes mudanças tecnológicas.
Dando como certeza que “a velocidade da mudança não vai abrandar”, Ricardo Encarnação defendeu que “as escolas devem preparar os alunos para um futuro de imprevisibilidade”, indo muito para além do ensino de conteúdos e memorização. Ou seja, focando-se “na adaptabilidade, no pensamento crítico, na regulação emocional e na colaboração”.
O médico psiquiatra defendeu a aposta na literacia digital e na criação de um ambiente que “apoie a experimentação e aceite o erro”. Destacou, também, a importância de as escolas modelarem “limites saudáveis no uso da tecnologia e na gestão da atenção”.
“O nosso desafio não é abrandar o mundo, mas acelerar a nossa capacidade de apoiar mentes jovens. Ensiná-los, não apenas a sobreviver ao futuro, mas a moldá-lo”, concluiu Ricardo Encarnação.
Após a conferência, seguiu-se a apresentação de um retrato da educação em Barcelos, pela vereadora da Educação, Mariana Carvalho.
A sessão terminou com a subida ao palco dos protagonistas do popular “Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer”, semanalmente transmitido na SIC Notícias e no podcast com o mesmo nome.
Ricardo Araújo Pereira, Pedro Mexia e João Miguel Tavares, moderados por Carlos Vaz Marques, utilizaram o habitual humor para falarem de coisas sérias, designadamente de temas como o papel e o prestígio atual dos professores, os interesses dos alunos, a proibição de telemóveis nas escolas e organização do Ministério da Educação, entre outros temas.
O Seminário “Educamos Juntos” juntou professores dos 1.º e 2.º ciclos, ensino secundário e educação de infância.