O Museu de Olaria, em Barcelos, inaugura, no próximo sábado, às 16h30, na Sala da Capela, a exposição “Diálogos entre o barro e o fogo”, que reúne peças de vários ceramistas do país. A mostra ficará patente ao público até 19 de outubro de 2025.
“Diálogos entre o barro e o fogo” é uma exposição de obras em cerâmica que exalta o prazer dos mais reconhecidos ceramistas do país pela modelação do barro. Todos eles são membros da prestigiada Academia Internacional de Cerâmica (AIC), destacando-se os nomes de Yola Vale, Sofia Beça, Stella Ivanova, Xana Monteiro, Ana & Betânia, João Carqueijeiro, Carlos Enxuto e Heitor Figueiredo.
As peças expostas vão além da cerâmica tradicional. Cada uma delas conta uma história, que vai do toque da mão à força do fogo, da tradição à inovação.
Nesta mostra, o barro ganha novas formas e significados. Encontram-se esculturas, instalações e objetos únicos que combinam técnicas ancestrais com uma visão artística moderna e internacional. É, assim, uma oportunidade para conhecer o que de melhor se faz, atualmente, em cerâmica no nosso país.
A cerâmica contemporânea em Portugal tem vindo a afirmar-se como um território fértil de experimentação estética e material. Artistas e ceramistas incorporam técnicas clássicas como o grés, a faiança e a porcelana, ao lado de métodos alternativos como o raku e as queimas atmosféricas. Essa diversidade técnica reflete não apenas a riqueza do património cerâmico nacional, mas também a busca por linguagens autorais e por processos sustentáveis.
A exposição pode ser visitada até ao dia 19 de outubro, de terça-feira a sexta-feira, das 10h00 às 17h30; aos sábados, domingos e feriados, das 10h00 às 12h30 e das 14h00 às 17h30.
Sobre os ceramistas
João Carqueijeiro
Nasceu em Angola, em 1954. Licenciado em Desenho na ESAP. Na Escola de Cerâmica de La Bisbal, concluiu os Cursos de Roda, Vidrados de Grés e Raku. É Formador de Cerâmica desde 1985. Tem coordenado Encontros de Artistas e Workshops de Cerâmica. Participou em inúmeras exposições (individuais e coletivas), Bienais de Arte e Simpósios Internacionais, tendo sido várias vezes premiado. Realizou diversos murais cerâmicos. Está representado no Museu da Câmara Municipal de Alcobaça, no Museu do Azulejo, em Lisboa, no Museu Luís
de Camões, em Macau, no Museu de Olaria de Barcelos, no Museu da Câmara de Amakusa, no Japão, no Museu da Bienal de Vila Nova de Cerveira, no Museu Amadeu de Souza Cardoso, em Amarante, no Museu Municipal de Resende, bem como em colecções particulares e de outras instituições. Presidente do Júri da
Bienal Internacional de Cerâmica de Aveiro 2017.
Sofia Beça
Artista ceramista, Sofia Beça é membro da Academia Internacional de Cerâmica. Desde 1997, tem desenvolvido uma carreira sólida a nível nacional e internacional, com exposições em museus e galerias de referência em Portugal, Espanha, Japão, Itália, Alemanha, Tunísia, China, entre outros países.
Stella Ivanova é ceramista e licenciada em Arquitetura pela Universidade Técnica de Lisboa. Desenvolveu a sua formação em cerâmica na ACAV (Aveiro), CEARTE (Coimbra), CENCAL (Caldas da Rainha), além de ter estudado com mestres particulares. O seu trabalho tem sido amplamente reconhecido, com publicações nas revistas Terrart e New Ceramics – The International Ceramics Magazine, e participações em várias bienais internacionais de cerâmica.
Carlos Enxuto
Nascido em 1963, Carlos Enxuto iniciou o seu contacto com a cerâmica desde jovem, explorando inicialmente a pintura, o desenho e a escultura. Em 1988, frequentou o CENCAL, nas Caldas da Rainha — um importante centro da cerâmica portuguesa e reconhecido pela UNESCO como Cidade Criativa. Estabeleceu o seu ateliê próprio em 1989 e, no ano seguinte, recebeu o prémio “Recuperação de Formas Tradicionais” no Concurso de Design Cerâmico das Caldas da Rainha.
Yola Vale
Yola Vale nasceu em Espinho, em 1975. Vive e trabalha na Sobreira Formosa.
Licenciada em Escultura, dedica-se à cerâmica contemporânea desde 2001 e é membro da AIC. Participa, regularmente, em simpósios e bienais internacionais de cerâmica, tendo já realizado diversas exposições individuais e coletivas, nomeadamente em Portugal, Espanha, Bélgica, Roménia, Coreia do Sul, Cuba, República Dominicana, Rússia, China e Letónia.
Ana + Betânia
Ana + Betânia são Ana Cruz e Maria de Betânia (n. 1983). Em 2007, depois de terminarem a sua licenciatura em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, começaram a trabalhar em escultura cerâmica ao abrigo do programa de investigação em cerâmica artística da instituição.
Tendo cada uma a sua expressão individual distinta, o início do seu trajeto artístico comum dá-se em 2012, enquanto bolseiras e artistas residentes no evento “Muel Cerámica Viva”, em Saragoça. Desde então, têm trabalhado em conjunto, numa vertente conceptual associada à técnica escultórica clássica.
Xana Monteiro
No universo da cerâmica, Xana destaca-se por contar histórias através do silêncio provocador das suas obras. Cada peça, escultura ou instalação é uma narrativa visual que evoca emoções e significados, conectando-se profundamente com a natureza e as experiências humanas, funcionando assim como janelas para universos íntimos, onde formas e texturas despertam sentimentos e lembranças.
A ceramista acredita que a arte deve provocar reflexão e diálogo, convidando os espectadores a envolverem-se com as suas obras. Assim, transforma a sua cerâmica numa comunicação poderosa, onde o silêncio se torna numa linguagem rica.
Heitor Figueiredo
Nasceu em Braga, em 1952. Estudou Cerâmica na Escola de Artes Decorativas e na Cooperativa Árvore, ambas no Porto. Estudou na Escola de Belas-Artes na mesma cidade. Realizou um estágio no CENCAL – Centro de Formação Profissional para a Indústria Cerâmica, nas Caldas da Rainha.
Em 2005, Heitor Figueiredo recebeu o Prémio Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro. O artista foi também um dos fundadores do Núcleo de Artes Visuais, em Aljustrel. Atualmente, é professor de arte e reside na aldeia de Cabeça Gorda, Beja.